Quem comanda delega

A escolha de um delegado da Polícia Federal para assumir a Secretaria de Segurança Pública do Rio e a incorporação da Secretaria de Administração Penitenciária à Pasta sinalizam alguns aspectos. O primeiro deles, e o que parece mais importante, é a opção do governador eleito, Sérgio Cabral, em estabelecer uma política de aproximação, de amistício com o governo federal. Em tese isso pode representar a garantia da destinação dos recursos necessários à Pasta. Num ano que antecede a realização de uma competição internacional, da importância dos Jogos Panamericanos, trata-se de uma estratégia no mínimo oportuna. Segurança pública é cara e não se faz somente com boas intenções. Porém, a decisão de acabar com a Secretaria de Administração Penitenciária, incorporando-a à Secretaria de Segurança, é preocupante e contraria uma tendência mundial. Quem prende não deve ficar gastando energia em tomar conta de preso. Polícia foi feita para garantir a segurança do cidadão nas ruas e para investigar crimes. O Rio de Janeiro não vivencia uma rebelião em seus presídios há três anos. O tempo se encarregará de provar que fora acertada a opção pelo nome do delegado José Mariano Beltrame. Beltrame tem experiência comprovada em inteligência policial - comandou a Operação Suporte no estado - e certamente há de saber como usar as ferramentas - cruzamento de informações; análise de "aranhas"; quebra de sigilos telefônico e bancário - consideradas imprescindíveis no combate ao crime organizado. Entretanto, sua curta passagem pelo Rio não lhe permite ainda conhecer o emaranhado que são as estruturas das polícias Civil e Militar fluminenses. Quem comanda delega e para delegar tem de conhecer. Boa sorte a ele.