14 novembro 2008

Visionário


"Acredito que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas
liberdades do que o levantamento de exércitos. Se o povo americano alguma
vez permitir que bancos privados controlem a emissão da sua moeda, primeiro
pela inflação, e depois pela deflação, os bancos e as empresas que
crescerão à roda dos bancos despojarão o povo de toda a propriedade até os
seus filhos acordarem sem abrigo no continente que os seus pais
conquistaram."


*Thomas Jefferson, 1802*

Cortina de fumaça

Com a proximidade das mudanças na Casa Branca, é natural que muitos executivos, detentores hoje de cargos importantes na administração de George W.Bush, queiram, ou ao menos tentem, se apegar a seus cargos, contando com a improvável permanência no governo após 20 de janeiro, data da posse do presidente eleito, Barack Obama.

Este pelo menos é o raciocínio que depreendemos ante a recente declaração do diretor da CIA, Michael Hyden, dando conta de que o líder terrorista da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, se encontra afastado das operações da organização responsável pelos ataques de 11 de setembro. De acordo com Hyden, Bin Laden estaria atualmente distante do comando da organização, como uma forma de se manter longe do alcance das tropas e dos serviços secretos dos países aliados.

A lógica de Hyden foi citada pela CNN e, ao que parece, se revela uma estratégia da agência americana em fazer com que Bin Laden relaxe na sua tentativa de se manter livre ou, na melhor das hipóteses, tenha o seu paradeiro denunciado por aqueles que acreditam estar dando abrigo a alguém que já foi e não é mais o inspirador e grande líder da Al-Qaeda.

Faz sentido.

Punição exemplar

Uma punição severa e que se mostre didática. É o que merecem os três jovens de classe média - dois de 18 anos e um de 16 - acusados de estuprar uma adolescente de 15 anos e de divulgar as imagens através de e-mails e pelo MSN. O estupro ocorreu durante uma festa no município de Joaçaba (SC), a 419 km de Florianópolis, no dia 25 de outubro.

Com o avanço cada vez maior da internet no país e o acesso crescente de jovens ao MSN, ferramenta de conversação preferida por nove em cada dez novos internautas, espera-se que este episódio sirva de exemplo para inibir futuras ações semelhantes.

A repulsa que a violência sexual em si desperta se estende ao ato de difundir pela grande rede as cenas em que a jovem - inconsciente - aparece sendo subjugada.

Fala que eu te escuto

A prisão ontem, no Rio, de quatro homens ligados ao tráfico e que se dedicavam a monitorar a comunicação feita pela polícia durante as operações, reafirma o quanto é necessária e urgente a substituição do atual sistema de comunicação das forças de segurança do estado. O modelo atual é considerado obsoleto e vulnerável a interceptações. Os modelos mais modernos seguem protocolos rígidos de segurança e têm na criptografia sua maior arma contra a bisbilhotagem.

O investimento não é pequeno, mas exige esforço do governo do estado, que poderia se valer das boas relações com o ministro Tarso Genro, da Justiça, para a aquisição de um sistema mais seguro.

"2009 é um ano de consagração do PAC",

A frase-título deste post é atribuída ao presidente Lula e foi dita em Roma, por ocasião da visita oficial feita pelo presidente brasileiro ao primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, e ao Papa Bento 16 antes de seguir para Washington, a fim de participar da reunião do G-20, que começa amanhã na capital americana. A crise financeira impulsionada pela capilaridade caracterísitca do mundo globalizado e os atrasos recorrentes no repasse de recursos federais para a execução das obras do PAC exigem cautela e prudência na hora de se fazer promessas.

O risco da bravata assumir o lugar da consagração é real.

Inquérito sobre o vôo 3054 aponta 10 responsáveis


Bruno Tavares, de O Estado de S. Paulo, e José Dacauaziliquá, do Jornal da Tarde


SÃO PAULO - Um grupo de dez pessoas, com destaque para ex-integrantes da cúpula da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), deve ser responsabilizado criminalmente pelo acidente com o Airbus da TAM. O relatório final da investigação conduzida pelo delegado Antônio Carlos Barbosa foi entregue na quarta-feira, 12, à direção do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), que deve submetê-lo ao delegado-geral e ao secretário de Segurança Pública. A intenção de Barbosa é concluir o trabalho até o dia 22, quando está marcada nova reunião entre autoridades e os parentes das vítimas. A lista com os nomes está sob sigilo.

O delegado ainda estuda se pedirá o indiciamento dos responsáveis pelo crime de homicídio culposo (sem intenção) ou por atentado contra a segurança de transporte aéreo. As penas para ambos os crimes são as mesmas. Caso haja condenação, pode chegar a 6 anos de detenção.

Por fim, há a possibilidade de que sejam apontados os responsáveis pelo acidente sem o indiciamento formal. A hipótese do homicídio com dolo eventual - quando a pessoa assume as conseqüências de sua conduta - é a tese defendida pelos advogados que representam a Associação dos Familiares das Vítimas da TAM (Afavitam).

O promotor Mário Luiz Sarrubbo, designado para acompanhar a apuração do acidente com o Airbus da TAM, disse que o caso deve ser enquadrado no artigo 261 (atentado contra a segurança do transporte aéreo), o que remete o inquérito ao Ministério Público Federal (MPF).

Segundo ele, durante as investigações ficou evidente que a tragédia não foi causada por fatores isolados, o que levaria os responsáveis a responder por homicídio culposo - crime de competência estadual -, mas por um conjunto de falhas do sistema de aviação brasileira. Isso remete tudo ao artigo 261 - crime de competência federal.

"Eu me sinto frustrado por te feito todo o trabalho e não poder denunciar os culpados. No entanto, não é um caso para ter vaidade. É um caso que precisa ter uma rápida reposta para amenizar o sofrimento dos parentes das vítimas e da própria sociedade", disse Sarrubbo.

Mas não é porque o caso passará para a esfera federal que o promotor deixará de manifestar a sua convicção e apontar os responsáveis. "Poderia apenas remeter uma manifestação simples ao juiz responsável. Mas não farei isso. Executarei uma manifestação bem fundamentada, indicando um por um os culpados. Também apontarei a responsabilidade de cada um deles", afirmou Sarrubbo.

A manifestação será entregue ao juiz da 1ª Vara Criminal do Fórum do Jabaquara, Hélio Narvaez. Caso aceite o texto, o magistrado remeterá a documentação ao juiz responsável do Tribunal Federal.

A fabricante do avião, a francesa Airbus, não escapará de ser mencionada no relatório final da polícia nem na manifestação do Ministério Público Estadual. Sarrubbo contou que a empresa só não foi investigada porque isso atrasaria o trabalho, uma vez que tem sede em outro país. Mas a Airbus, na visão dele, tem sua cota de participação.

"Não sei ainda como vou instrumentalizar a menção à Airbus, mas vou fazer. Seria uma omissão da minha parte passar batido por esse fato. Vamos, via Itamaraty, tentar localizar os engenheiros que fizeram a norma e colocaram ‘desejável’ e não ‘mandatório’ na referência feita à instalação do alarme na cabine. Ele alertaria o piloto em caso de falha. Isso aconteceu (o alerta obrigatório) depois da tragédia da TAM", disse Sarrubbo. Procuradas pela reportagem, tanto Anac quanto TAM e Infraero informaram que somente se manifestarão quando forem notificadas oficialmente.

Números que falam

CLÓVIS ROSSI



SÃO PAULO - Zander Navarro, notável acadêmico, hoje na universidade britânica de Sussex, manda e-mail com o que chama de "ilustração dramática" do "ritmo desenfreado de apropriação da riqueza nas últimas décadas, o que gerou aumento na desigualdade".
Alguns números: 1 - A renda dos 1.125 bilionários do planeta (US$ 4,4 trilhões) supera a renda somada de metade da população adulta do planeta. Se se quiser comparar com o Brasil, 1.125 bilionários têm uma renda que é quatro vezes tudo o que 180 milhões de brasileiros produzem de bens e serviços.
2 - Segundo o Instituto para Estudos de Política, os executivos-chefes das 500 maiores corporações dos EUA ganharam em 2007, em média, US$ 10,5 milhões, 344 vezes o pagamento do trabalhador norte-americano típico.
Já os gerentes dos 50 fundos de hedge e de "private equity" receberam cada um US$ 588 milhões, mais do que 19 mil vezes o salário-tipo do norte-americano.
3 - Em agosto de 2008, a Exxon, a maior companhia do planeta, registrava lucros recordes à taxa de US$ 90 mil POR MINUTO. Os rendimentos do Wal-Mart batiam, em 2007, o produto nacional bruto da Grécia; os da Toyota superavam o da Venezuela.
Não pense que o Brasil escapa, não. Por muito que o governo cultive a lenda da queda da desigualdade, o Ipea acaba de divulgar estudo mostrando que só em 2011 o rendimento do trabalho voltará a ter a participação na riqueza nacional que tinha em 1990 (45,4%).
Mesmo que volte, continuará atrás do capital, embora o número de capitalistas seja obviamente bem inferior ao de assalariados.
No governo Lula, aliás, a queda da participação do trabalho no bolo da riqueza nacional acentuou-se até 2004, só começando a se recuperar a partir de 2005.
Todos esses números dispensam opinião. Falam sozinhos.


*Artigo publicado na edição de hoje (14/11) da Folha de S. Paulo

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