A euforia que tomou conta do povo americano logo após o anúncio da vitória histórica de Barack Obama nas urnas nos levar a fazer algumas reflexões sobre o que será o governo do senador democrata. Obama tem pela frente problemas de difícil solução. O principal deles, seguramente, é a recente crise econômica que abalou a América, levando seus reflexos para além fronteiras. O déficit público, a retirada das tropas do Iraque e do Afeganistão são alguns deles, para não mencionar a crescente onda de desemprego e a retomada da condução de uma política externa, que privilegie o entendimento, o respeito pela soberania alheia, e que almeje uma aproximação definitiva de Washington com Caracas, com a Coréia do Norte, com o Iran e ainda que reúna esforços para sepultar definitivamente o embargo econômico a Cuba.
Graças ao seu carisma e ao discurso conciliador e desenvolvimentista que buscou imprimir durante a campanha, Obama caiu nas graças do povo. Como bom hawaiano, surfa na esperança do povo de que dias melhores estão por vir. A “Obamania” vivida pela sociedade americana hoje representa, por sua vez, uma tonelada de responsabilidade, que recai sobre o primeiro negro escolhido para comandar os destinos da Casa Branca pelos próximos quatro anos. Com raro desprendimento e naturalidade, Obama desfruta, justificadamente, dos dias de glória, embalado pelo triunfo nas urnas, que muito se deve a uma campanha irrepreensível, que teve o mérito de perceber o sentimento de mudanças reinante na sociedade americana.
Carismático, cerebral, feito de carne e osso. Foi assim que o senador democrata procurou se apresentar ao eleitorado americano, ao mundo, construindo sua imagem tijolo a tijolo e levando adiante sua disposição de superar cada um dos obstáculos à sua frente. O primeiro desafio, sem dúvida, foi o de desconstruir o preconceito quanto à cor de sua pele. Um presidente negro comandando os destinos dos Estados Unidos era algo impensável há 40 anos atrás. Obama então deparou-se com a disputa interna no partido contra a até então favorita colega de Senado e ex-primeira dama, Hillary Clinton.
Obama se superou no desafio de afirmar seu nome não só internamente, mas também fora dos Estados Unidos. Impressionam no You Tube as imagens da multidão, em julho passado, junto ao Portão de Brandemburgo, em Berlim, a acompanhar atenta, boquiabeta, como se não acreditasse naquilo que estava vendo e ouvindo, por ocasião do histórico discurso feito por Obama. O povo alemão que testemunhou os horrores do nazismo e a queda do muro, símbolo da intolerância, curvou-se ao carisma do ícone da liberdade. O discurso na capital alemã marcou o avanço de Barack Obama rumo à conquista dos corações e mentes dos principais líderes do Velho Mundo.
No plano interno, Obama se mostrou perseverante, conquistando aliados, sensibilizando gente humilde e celebridades. Imprimiu um jeito diferente, pessoal de pedir voto. Durante a campanha, diariamente, reservava uma hora para, pessoalmente, telefonar para os eleitores, para pedir um voto de confiança. Acabou atendido.
Obama agora tem como missão resgatar o sentimento de orgulho do american citizen. Repousa sobre sua mesa o compromisso de trazer de volta para casa os milhares de jovens americanos que estão em combate no Iraque e no Afeganistão e que custam a entender o porquê de estarem longe de casa tanto tempo. Terá o presidente eleito que se desdobrar para definir o futuro dos presos que definham encarcerados na prisão de Guantánamo.
O apoio em torno do nome de Barack Obama é do tamanho do país que irá governar a partir de 20 de janeiro próximo. Por outro lado, os desafios que terá de enfrentar não são menores do que o verde de esperança que fez ressuscitar e que agora se junta ao azul, vermelho e branco da bandeira americana.
06 novembro 2008
Segurança de Obama é motivo de apreensão

AFP - Barack Obama entrou para a história como o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, mas sua cor o transforma em alvo potencial e representa um desafio para os responsáveis por sua segurança.
Obama foi colocado sob a proteção do Serviço Secreto, encarregado da segurança dos presidentes e candidatos às eleições presidenciais, já em maio de 2007, ou seja, 18 meses antes de ser eleito, terça-feira, o 44º presidente dos Estados Unidos.
A vida de Barack Obama é constantemente objeto de ameaças. Quarta-feira, dois jovens neonazistas foram indiciados no Tennessee (sul dos EUA) por terem proferido ameaças de morte contra ele.
Obama e sua família, assim como o vice-presidente eleito Joseph Biden e sua família, são protegidos 24 horas por dia por equipes de elite formadas por agentes armados do US Secret Service (USSS), subordinado ao departamento da Segurança Interna.
Em sinal da importância dada às ameaças contra Obama, o palanque onde ele pronunciou seu discurso de terça-feira em Chicago depois de sua eleição era cercado por paredes de plexiglas à prova de balas.
"As mudanças de administração presidencial exigem um importante planejamento operacional para nossa missão de proteção", declarou à AFP Ed Donovan, porta-voz do Secret Service, recusando-se a dar mais detalhes sobre o novo dispositivo e a dizer se a proteção será reforçada para Obama.
"Obviamente, fazemos ajustes. Estamos preparados para todas as eventualidades", frisou.
A cor do novo presidente é apenas uma das fontes de preocupação suplementares, em um país que tem 200 milhões de armas de fogo responsáveis por 30.000 mortes por ano, onde quatro presidentes foram assassinados no exercício de suas funções e onde vários outros foram alvos de tentativas de assassinato.
Entretanto, "as circunstâncias são únicas, e constituirão um desafio" para os responsáveis pela segurança da Obama, alertou Fred Burton, da empresa de análises Stratfor, especializada no combate antiterrorista e na inteligência geopolítica, qualificando a tarefa de "extremamente complicada".
"Isso vai mobilizar muitos recursos e necessitar uma enorme quantidade de análises em termos de tática e de proteção", explicou.
De fato, muitas pessoas desejam a morte de Obama, entre elas grupos neonazistas e defensores da supremacia da raça branca, que poderiam aproveitar o período de transição, até o dia 20 de janeiro, dia em que o presidente eleito assumirá o cargo oficialmente e contará com uma proteção ainda mais reforçada.
Fred Burton pensa que agentes dos serviços de inteligência estejam infiltrados nestes grupos, cujos simpatizantes estiveram envolvidos nos assassinatos dos líderes dos direitos cívicos Martin Luther King e Malcolm X nos anos 60.
O site do Ku Klux Klan, uma organização abertamente racista, advertiu nesta semana para as conseqüências de uma administração Obama. "Muitos brancos deste país vão despertar", com a eleição de Obama, afirmou Thomas Robb.
Bennie Thompson, um membro do Congresso negro de Mississippi, escreveu ao Secret Service em janeiro passado para expressar suas preocupações com a segurança de Barack Obama.
"Como afro-americano que foi testemunha de alguns dos dias mais vergonhosos da história deste país durante a luta do movimento pelos direitos cívicos, sei que o ódio de alguns dos nossos concidadãos pode levar a horríveis atos de violência", escreveu Thompson.
Juiz é advertido com o cartão amarelo

E o Botafogo caiu de novo diante de uma equipe argentina (Estudiantes). A exemplo do ano passado, quando o time alvinegro foi eliminado da Copa Sul-Americana pelo River Plate, em Buenos Aires, dando origem a uma crise interna sem precedentes, motivada pelas duras críticas feitas ao time pelo previsível cartola alvinegro Carlos Augusto Montenegro, dono do Ibope. Passado um ano, o personagem da eliminação foi o zagueiro André Luís, que simplesmente, num gesto impensado, tomou das mãos do árbitro chileno Carlos Chandía o cartão amarelo que acabara de receber. Acabou expulso.
Hoje, no Engenhão, o Botafogo até que mostrou disposição, porém, de forma desordenada, como se quisesse resolver o jogo de uma hora para outra, quando tinha 90 minutos para fazê-lo.
Mas em que pese os quatro gols da partida, que terminou empatada em dois a dois, o personagem da noite foi o zagueiro André Luís, o mesmo que foi algemado e preso pela PM pernambucana no Estádio dos Aflitos, no Recife, durante um tumultuado jogo contra o Náutico, pelo Campeonato Brasileiro.
Desta vez, sem que houvesse a participação da polícia, o zagueiro do Botafogo roubou a cena, ou melhor, o cartão.
Tem coisas que de fato só acontecem ao Botafogo.
Assinar:
Comentários (Atom)
Propósito
Aqui sua opinião contribui para estimular e valorizar o debate.