Disputa entre facções no Ceará ameaça “ilha” de excelência na educação

Os tiros que mataram, nesta quinta-feira (25), dois adolescentes, alunos da Escola Estadual Luis Felipe, no município de Sobral (CE), expuseram uma incerteza: a violência promovida pelo crime organizado, que tanto impacta o dia a dia nas escolas localizadas em áreas dominadas pelo tráfico de drogas pelo Brasil afora, será capaz de interromper o ciclo de prosperidade no ensino público observado no município cearense a partir de 2004? Quando o assunto é violência urbana, a cidade, localizada a 230 Kms de Fortaleza, não foge à regra, muito embora seja um exemplo para o país quando se trata de educação. Com uma população de 203 mil pessoas, segundo o censo do IBGE de 2022, o município, de acordo com a última edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, tem uma taxa de 59,9 homicídios por 100 mil habitantes, o que o faz ocupar a 12ª posição no ranking das cidades mais violentas do país. Paradoxalmente, Sobral detém os melhores índices de alfabetização. Os números obtidos pela cidade cearense no ensino fundamental superam rankings nacionais e internacionais e foram observados a partir de 2004, quando da adoção do programa "Alfabetização na Idade Certa". Já no ano seguinte, o município deixou a incômoda posição 1.407 do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), para alcançar em 2017 a primeira posição do ranking com média de 9,1. No ano passado, Sobral foi ainda mais longe, alcançando a nota 9,6.