
Merece uma reflexão a reportagem publicada neste domingo pelos jornais O Globo e Extra, abordando a questão das milícias que vêm ocupando as favelas da cidade do Rio de Janeiro no lugar do tráfico de drogas. Esses grupos armados seriam formados na sua maioria por policiais e, de acordo com as autoridades policiais fluminenses, já beiram a casa dos 100. Todos eles têm em comum a justificativa para sua criação: a proteção das comunidades carentes que vivem subjugadas pelos criminosos. O que se indaga é a quem cabe a segurança do cidadão? O Estado legalmente constituído ou grupos paramilitares, que se formam sob a pseuda justificativa de defender os fracos e oprimidos? Nossa capital não é Bogotá. A segurança que se deseja não é gratuita, ao contrário. Custa dinheiro e os recursos vêm das "mensalidades" pagas pelos próprios moradores. E quando eles, os moradores, não tiverem como manter a regularidade nos pagamentos? Os "milicianos", como os integrantes desses grupos são chamados, se arvoraram em assumir de imediato o controle da venda do gás, do transporte alternativo feito pelas Vans e ainda o controle da distribuição do sinal das TVs a cabo, o chamado "gatonet". Quando as instituições começam a perder terreno de forma visível, como é o que parece, é imperiosa a reação da sociedade. Uma sociedade sem instituições legalmente fortalecidas é um Estado à beira do colapso. Se ele já se instalou, o último a sair que apague as luzes.