O Rio é maior do que o Alemão

As autoridades da área de segurança do Rio estão convencidas de que controlando a situação no Complexo do Alemão conseguirão restabelecer a sensação de segurança da população. Ledo engano. Fora dos limites do conjunto de favelas na Zona da Leopoldina, diariamente morre gente nos sinais de trânsito, no interior dos ônibus, nos bares, durante combates com a polícia. O número de vítimas causadas pelos tiroteios diários no Complexo do Alemão já superou o razoável. O Instituto de Segurança Pública divulgou esta semana os índices da criminalidade em todo o estado. Em quase todos os quesitos houve aumento no número de casos, sobretudo na Capital. A imprensa, por sua vez, direciona seus esforços para a Nova Brasília, como se lá fosse o único local na cidade que requeira a presença permanente da polícia. E fora dali? Como está a situação? Não que os moradores da região não mereçam. Mas o Rio é muito maior do que a Zona da Leopoldina.

A corrupção "ronda" o ministério

Ministro. Não gaste sua energia em querer se explicar. Deixe o cargo e se ocupe de sua defesa.
A corrupção, mais uma vez, é o assunto do dia. Queria estar aqui falando do gol mil do Romário, das fotos sensuais da filha da Gretchen com sua namorada numa revista masculina, mas...
A Polícia Federal agora sustenta que o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, teria ganho propina para liberar recursos para a realização de obras em favor da empreiteira Gautama. A simples suspeita de que um funcionário subordinado a Rondeau teria recebido o dinheiro já é motivo suficiente para que ele entregue o cargo. Pelo menos é o que se espera de alguém que se diz inocente e disposto a colaborar com a investigação. Se o ministro recebeu ou não o dinheiro sujo da corrupção isso é outra história. Mas ele tem de sair e já. O presidente Lula ficará grato.

Dia das Mães

Hoje é o Dia das Mães. Uma data, sem dúvida, especial. Quero aqui homenagear a todas as mães, em especial a minha, dona Mauricéa, amiga de toda hora. Feliz Dia das Mães e muita saúde. Devo tudo a você.

Nada a declarar

Totalmente despropositada a indignação demonstrada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT/SP), com a imprensa, durante a missa de canonização de Frei Galvão celebrada pelo Papa Bento XVI, em São Paulo, por conta das perguntas relativas ao aumento salarial que os parlamentares se auto concederam. Chinaglia, como médico que é, sabe muito bem que a saúde do povo está intimamente relacionada com a sua capacidade financeira de poder buscar tratamento médico digno num país, cujo sistema de saúde público é inexistente e ineficaz. Chinaglia pode até rebater, espernear, afirmando que o aumento na verdade se trata de reposição salarial, de perdas passadas, mas num país onde o poder de compra do salário mínimo não dá sequer para pagar um exame por imagem, é de se estranhar tamanha irritação. O aumento que os deputados aprovaram para si manchou, definitivamente, a já desgastada imagem dos nossos congressistas.

O sonho acabou

A eliminação precoce do Flamengo da Taça Libertadores, em pleno Maracanã, diante do desconhecido Defensor, do Uruguai, reforça a certeza de que o time sempre esteve léguas de ser a equipe competitiva que a imprensa esportiva tentou fazer com que a torcida acreditasse. O time da Gávea é limitado, traz na equipe o jogador Souza, um centro-avante estático, lento e "cego de uma perna". A equipe até que demonstrou força nas laterais, mas sua zaga é claudicante e o meio-campo, afora o talento demonstrado pelo meia Renato em chutar de longe, não é capaz de conduzir o time a conquistas mais altas. A vitória sobre o Botafogo durante a final do Campeonato Carioca não foi, definitivamente, uma demonstração de força. É bom lembrar que o Flamengo foi campeão carioca sem ter vencido um clássico sequer. A eliminação da Libertadores, vale lembrar, ocorreu sem que o time tenha enfrentado uma equipe forte, de tradição, com história na competição. O resto é blá-blá para fomentar as vendas de jornais nas bancas e alavancar a audiência na TV visando os anunciantes das competições futuras.

Preconceito de batina

Mais infeliz impossível a declaração feita pelo novo secretário-geral e porta-voz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Dimas Lara Barbosa, ao comparar a prática dos jovens de hoje de "ficar" uns com os outros durante os fins de semana com o ato de marcar "programas" feito pelas prostitutas. Taxar de prostituição a prática de jovens de 14, 15 anos, que estão começando a experimentar sua sexualidade, é, no mínimo, uma declaração preconceituosa, violenta e que não condiz, absolutamente, com a verdade. "O senso do descartável do "ficar", que era próprio das garotas de programa, é hoje vivenciado pelas adolescentes", afirmou Dom Dimas. O novo secretário-geral da CNBB condenou ainda as campanhas de planejamento familiar feitas pelo governo e censurou o aborto na véspera da chegada do Papa Bento XVI ao Brasil.

Baseado na Lei

Cerca de 250 pessoas saíram às ruas, neste domingo, para participar da chamada "Marcha da maconha", no Arpoador, em Ipanema, berço dos modismos cariocas nas décadas de 60 e 70. A manifestação, que contou com a participação do secretário Estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc, transcorreu de forma pacífica e fora acompanhada pela PM. Na madrugada de domingo, as polícias Civil e Militar participaram da "Operação Copacabana", cujo objetivo anunciado é o de proporcionar um choque de ordem no bairro. Dessa vez, os alvos da polícia foram as prostitutas e travestis. Na mobilização policial anterior, o foco foram os ambulantes e moradores de rua. No primeiro caso, a iniciativa de um determinado grupo de ganhar as ruas para pedir pela discriminalização da maconha configura claramente crime de apologia, previsto no Código Penal Brasileiro. Durante a chamada "Marcha da maconha" não houve registro de que alguém tenha sido preso por se manifestar a favor de uma droga condenada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e proibida em nosso país.

Luxemburgo: técnico ou cartola?

Que o atacante Rodrigo Tiuí, ex-Fluminense e Santos, não é nenhum craque, jogador fora de série, isso todo mundo sabe, mas o que as pessoas desconhecem é o que está por trás do interesse do técnico Wanderley Luxemburgo, do Santos, em impôr ao jogador um procurador que o atleta rejeitou. Parece até que o técnico santista nao tem com o que se preocupar no dia-a-dia na Vila Belmiro. O São Caetano meteu dois a zero no Santos na primeira partida das finais do Paulistão e está prestes a erguer a taça neste domingo, caso o time de Pelé não dê a volta por cima. Muito estranha essa conduta do treinador santista. Ele tem que escolher: ou é técnico ou é cartola. Não adianta querer impôr aos seus comandados o procurador, gerente, seja lá o nome que se queira dar, de sua preferência. Isso não lhe cabe. É no mínimo antiético.