07 julho 2008

A PM do Rio está doente

A reedição de casos que elevam a PM fluminense à condição de protagonista do nosso cotidiano de violência revela a face mais sombria da política de segurança pública que se adota no Rio de Janeiro. Não faço parte daqueles que, impulsionados pela emoção, defendem o fim da corporação. A Polícia Militar do Rio de Janeiro foi criada há 200 anos, no rastro do desembarque da Família Real por estas bandas.

Seus inestimáveis serviços prestados à população ao longo de sua história comprovam a importância da corporação. Entretanto, ao fazermos uma análise elementar da conduta da corporação no dia-a-dia, chegamos à conclusão que a PM está doente. Ela padece de comando, de uma política permanente e vigorosa de valorização dos seus componentes. A PM não treina, não se recicla.

Aquele que ingressa na PM não é nenhum cidadão sueco, louro, de olhos azuis, bem nutrito, que cruzou o Atlântico trazendo na bagagem o sonho de se incorporar à instituição. Ao contrário. É o cidadão comum, nascido aqui entre nós, filho de uma família comum, que vê a corporação como uma espécie de porta de acesso ao reconhecimento social, à estabilidade profissional e a chance de se sentir respeitado pela sociedade.

No entanto, na prática, não é isso o que acontece. Os policiais militares que diariamente se arriscam saindo às ruas fardados, no interior das viaturas, não encontram na sociedade um fio de reconhecimento, ganham bem abaixo daquilo que poderia ser considerado justo e são mal preparados para exercer a função. São na verdade jogados às feras, como uma forma de resposta do Estado ante o crescimento da violência urbana nas grandes cidades.

O caso do menino de 3 anos morto após ter sido baleado na cabeça em meio a uma perseguição policial, na Tijuca, na noite deste domingo, ao mesmo tempo que denota o despreparo da corporação, revela que os nossos homens da lei estão agindo no limite emocional que um ser humano pode suportar diante de uma situação de estresse.


Receita para reverter o quadro não existe. O que existe é comando, trabalho, critério na seleção, treinamento exaustivo em busca da perfeição, que não virá nunca.

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