Caso Isabela: nada definitivo

Relutei muito em escrever sobre o assassinato da menina Isabela Nardoni, assassinada no fim de março em São Paulo. De tudo aquilo que tenho lido e assistido nas emissoras de tvs, o que me impressiona é capacidade da nossa imprensa, da qual fiz parte por mais de 20 anos,em aceitar passivamente a primeira versão que lhe é transmitida pelas autoridades encarregadas da investigação.

Não duvido da disposição da polícia paulista em esclarecer este caso o mais rápido possível. Questiono sim a qualidade da nossa polícia técnica. E quando digo a nossa, me refiro à perícia brasileira como um todo, não especialmente a paulista.

As primeiras informações apuradas pelos abnegados peritos paulistas apontam para a inexistência de uma terceira pessoa no cenário do crime, ou seja, no apartamento onde morava o casal Alexandre Nadoni e a madrasta de Isabela. Entretanto, questiono os equipamentos e recursos à disposição dos peritos paulistas.

É comum assistirmos a elucidação de casos de difícil solução nos Estados Unidos por intermédio da perícia. Quem nunca ficou vidrado diante do canal a cabo Discovery assistindo às investigações, aos exaustivos exames e análises realizados por peritos americanos, canadenses, alemães e ingleses?

Me pergunto se a realidade da polícia técnica brasileira é igual. Não é e nunca foi. Não faz parte da cultura policial brasileira. Político no Brasil quando fala em investir na polícia adquire viaturas e armas. Nada além disso, com algumas raras exceções.

Portanto, qualquer afirmação definitiva em torno do caso me parece perigosa. Soa como prematura. É bem verdade que todos os indícios apurados até aqui nos remetem ao casal como o provável assassino de Isabela. Acho, portanto, perigosa qualquer afirmação definitiva quanto às causas e à autoria desse crime bárbaro que tanto chocou e comoveu a sociedade brasileira. Tomara que a polícia avance mais nos próximos dias e chegue a outros elementos que não deixem margem de dúvidas quanto à autoria do crime.

Tomara!